Gunnar Myrdal

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Gunnar Myrdal – Biografia

Gunnar Myrdal nasceu na freguesia de Gustaf, na Suécia, no dia 6 de dezembro de 1898. Formou-se na Escola de Direito da Universidade de Estocolmo em 1923 e logo começou a trabalhar, porém continuou com seus estudos na universidade. Ele recebeu seu diploma de doutorado em economia em 1927, onde foi aluno de Knut Wicksell e Gustav Cassel, depois sendo nomeado docente de economia política. De 1925 a 1929, estudou por um período na Alemanha e na Grã-Bretanha, seguido de sua primeira viagem para os Estados Unidos em 1929-1930. Durante este período também publicou seus primeiros livros, incluindo Aspectos Políticos da Teoria Econômica. Retornando à Europa, primeiramente trabalhou por um ano como Professor Associado do Instituto de Pós-Graduação de Estudos Internacionais de Genebra, na Suíça. Em 1933 foi nomeado para “Lars Hierta Chair” de Economia Política e Finanças Públicas da Universidade de Estocolmo como o sucessor de Gustav Cassel. Além de suas atividades de ensino, o Professor Myrdal foi ativo na política sueca e foi eleito para o Senado em 1934, como membro do Partido Social Democrata.

Em 1938, a Carnegie Corporation of New York o encarregou de dirigir um estudo sobre a questão dos negros na América. O material que ele coletou e interpretou foi publicado em 1944 como Um Dilema Americano: Problema Racial e a Democracia Moderna (An American Dilemma: The Negro Problem and Modern Democracy). Voltando para a Suécia em 1942, foi reeleito para o Senado sueco, serviu como membro do Conselho de Administração do Banco da Suécia e foi presidente da Comissão de Planejamento do Pós-Guerra. De 1945-1947 foi ministro do comércio na Suécia e deixou de exercer essa função para aceitar uma nomeação como Secretário Executivo da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa. Em 1957 deixou este posto para dirigir um estudo abrangente sobre as tendências econômicas e políticas nos países do Sul da Ásia para o Fundo “Twentieth Century”, o que resultou em O Drama Asiático: Uma Investigação sobre a Pobreza das Nações e Desafio à Pobreza Mundial: Esboço de um Programa Mundial Contra a Pobreza ( Asian Drama: An Inquiry into the Poverty of Nationsand The Challengeof World Poverty / World Anti-Poverty Program in Outline).

Em 1961 voltou à Suécia e foi nomeado professor de Economia Internacional da Universidade de Estocolmo. Neste ano fundou o Instituto de Estudos Econômicos Internacionais, onde foi um membro de sua Direção. Foi Presidente do Conselho de Administração do Instituto de Pesquisa de Estocolmo para a Paz Internacional (SIPRI – Stockholm International Peace Research Institute). Também foi presidente do Conselho de Administração do Instituto Latino-Americano em Estocolmo. Durante o ano letivo de 1973-1974 visitou o centro de pesquisas para o Estudo das Instituições Democráticas em Santa Barbara, Califórnia. De 1974-1975 foi professor visitante na Universidade de Nova York.

Professor Myrdal é beneficiário de mais de trinta graus honoríficos que começam na Universidade de Harvard em 1938, onde deu palestras sobre “Godkin” naquele mesmo ano. Ele recebeu muitos prêmios, sendo o último o Prêmio “Malinowski” pela Sociedade de Antropologia Aplicada.  Foi membro da Academia Britânica, da Academia Americana de Ciências e Artes, da “Vetenskapsakademien” [a Academia Real Sueca de Ciências], da Sociedade de Econometria, também foi membro honorário da Associação Americana de Economia.

Gunnar Myrdal casou-se com Alva Reimer que ocupou altos cargos na Organização das Nações Unidas e na UNESCO, foi embaixadora da Suécia na Índia e se tornou ministra Sueca do desarmamento e da Igreja. Eles tiveram três filhos, duas filhas, Sissela e Kaj, e um filho, Jan. A bibliografia completa de suas publicações cientificas estão atualmente em preparação pela Biblioteca Real de Estocolmo.

Gunnar Myrdal faleceu em 17 de maio de 1987.

Infância e Adolescência

Gunnar Myrdal foi filho Anna Sofia Karlsson e de Karl Adolf Petterson, um funcionário de ferrovia. Nasceu em 6 de dezembro de 1898. Ele foi batizado como Karl Gunnar, mas o primeiro nome foi posteriormente abandonado. Gunnar conseguiu sua licenciatura em Direito em 1923 pela Universidade de Estocolmo. Myrdal trabalhava ao mesmo tempo em que prosseguia com seus estudos em Economia pela mesma universidade.

Myrdal terminou seu doutorado de Economia em 1927, como resultado foi indicado como instrutor em economia política. Ao longo de palestras, o Professor Myrdal foi envolvido na política sueca e tornou-se membro do Partido Social Democrata em 1934 no Senado. Em sua tese estudou a importância da formação de preços sob mudança. Durante 1925 e 1929, Myrdal prosseguiu com seus estudos na Grã-Bretanha e Alemanha. Após isso, recebeu uma bolsa de estudos do Instituto Rockefeller e em 1929 visitou os Estados Unidos.

Carreira

Gunnar tornou-se Professor Associado do Instituto de Pós-Graduação de Estudos Internacionais em Genebra, Suíça. Como sucessor de Gustav Cassel ocupou o cargo de “Lars Hierta Chair” de Economia Política e Finanças Públicas na Universidade de Estocolmo.

Em 1933 Myrdal se tornou membro dos sociais democratas no parlamento. Junto de sua esposa Alva Myrdal, escreveu o livro Crise na Questão da População (Crisis in the Population Question) em 1934. Foi um trabalho tão bem elaborado que o ministro dos Assuntos Sociais, Gustav Moller adotou as medidas trabalhadas em apoio social às famílias. Outra de suas publicações era “Contact with America”, escrito em 1941. Durante a Segunda Guerra Mundial; se posicionou contra a Alemanha Nazista e elogiava o estabelecimento democrático dos Estados Unidos.

Foi nomeado ministro do Comércio entre 1945 e 1947, no Governo de Erlander Tage. Durante esse período ele trabalhou como professor de economia da Escola de Economia de Estocolmo. Myrdal foi posteriormente criticada por seus acordos fiscais com a União Soviética, também foi considerado responsável pela crise monetária da Suécia em 1947. No mesmo ano Myrdal serviu como Secretário Executivo da Comissão Econômica das Nações Unidas na Europa. Ele permaneceu nessa posição por 10 anos, em seguida Dr. Myrdal renunciou ao cargo de Secretário Executivo em 1957, logo depois de lançar seu principal centro de pesquisa sobre economia e desenvolvimento político.

Myrdal foi fortemente contra a Guerra do Vietnã, pois previu em sua obra “Drama Asiático”, que a distribuição de terras e outras reformas não seriam favoráveis ao Vietnã. Isso levou os Estados Unidos a entrar em negociações com o Vietnã do Norte. Depois que voltou, Myrdal foi designado para liderar o Comitê Vietnã-Suécia. Ele também liderava o Instituto de Pesquisa de Estocolmo para a Paz Internacional.

Publicações

Em 1929 Myrdal publicou: Aspectos Políticos da Teoria Econômica (The Political Element in the Development of Economic Theory). No final dos anos 1920, modelos matemáticos eram predominantes e Myrdal foi cativado por eles. Ele ajudou na fundação da Sociedade de Econometria que foi baseada em Londres. Mais tarde ele criticou o fluxo de distribuição desigual de riqueza.

Gunnar era um grande defensor das teses apuradas por John Maynard Keynes. Ele proclamou dizendo que a ideia básica de apresentar orçamentos nacionais e gerenciá-los era tanto para o aceleramento ou desaceleramento das economias. Este conceito já foi mencionado em seu livro “Monetary Economics”, publicado quatro anos antes de “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda” de Keynes, em 1932.

Myrdal realizou um estudo abrangente sobre os dados sociológicos, antropológicos, econômicos e jurídicos das diferentes relações entre etnias nos Estados Unidos. Começou os estudos em 1938 e foi financiado pela Carnegie Corporation. Um dos mais prestigiados trabalhos de Myrdal foi “An American Dilemma: The Negro Problem and Modern Democracy”, escrito em 1944. Atualmente é considerado um clássico da sociologia. O livro foi um esforço combinado de R.M.E. Sterner, Arnold Rose e de Ralph Johnson Bunche e apresentou a questão das relações de raças como um dilema, trazendo à luz a “questão negra”. Seu trabalho sobre os problemas raciais foi impulsionado quando a Suprema Corte dos Estados Unidos o citou no histórico veredicto de Brown vs. Board of Education, em 1954, onde a segregação racial nas escolas públicas foi revista e declarada inconstitucional. Da mesma forma, Myrdal também queria trabalhar com a desigualdade de gênero, mas por não conseguir fundos suficientes, a ideia foi abandonada.

Contribuições

Sob o título “The Beam In Your Eyes”, em “Asian Drama”, ele trouxe o conceito de relativismo científico de valores, o que significa que ele não limitou suas teorias apenas à Economia. Em seu artigo, Valor em Teoria Social (Value in Social Theory), ele deu ampla importância para a ciência política e a considerou ser mais descritiva do que a economia. Como praticante, Myrdal relacionou os diversos aspectos das ciências políticas, ciências sociais e econômicas.

Prêmios e Reconhecimentos

Ele recebeu o ‘Prêmio da Paz da Alemanha Ocidental’ (West German Peace Prize), juntamente de sua esposa, Alva Myrdal em 1970, o “Prêmio do Banco Sueco” (Bank of Sweden Prize) em Ciências Econômicas em 1974 e o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel: “por seu trabalho pioneiro na teoria da moeda e flutuações econômicas e pela análise penetrante da interdependência dos fenômenos econômicos, sociais e institucionais”. Ele dividiu este prêmio com Friedrich Hayek.

Myrdal fundou e foi presidente do Instituto de Pesquisa de Estocolmo para a Paz Internacional. Foi considerado como uma “figura pai da política social” devido às suas contribuições para a Social-democracia. Também foi fundamental no conceito moderno de “não-equilíbrio da economia” por meio de seu conceito de causalidade circular acumulativa.

Pensamentos Econômicos

Até o início da década de 1930, Myrdal se concentrava no estudo da teoria pura da economia, dedicando-se mais tarde a estudar a economia aplicada e os problemas sociais. Na sua tese de doutorado, examinou o papel das expectativas na formação de preços que foi inspirada pelo trabalho de Frank H. Knight.

Myrdal aplicou sua teoria na macroeconomia em 1931 quando como um membro da “Escola de Estocolmo” de economistas, lecionou Equilíbrio Monetário (1939). Nessas aulas ilustrava a distinção entre poupança e investimentos ex-ante (expectativas) e ex-post (realizados).

Foi convidado pela Carnegie Corporation para estudar os problemas dos negros norte-americanos no período de 1938-1940, tendo escrito em 1944 o livro “An American Dilemma: The Negro Problem and Modern Democracy”. Nesse livro analisou a questão da causalidade cumulativa, ou seja, a pobreza gerando mais pobreza.

De 1947 a 1957 Myrdal foi secretário executivo da Comissão Econômica das Nações Unidas na Europa.

Em seus trabalhos sobre economia do desenvolvimento Myrdal alertou que o desenvolvimento econômico das nações ricas e o das nações pobres podem jamais convergir. Ao contrário, podem divergir com os países pobres confinados à produção dos bens primários de menor valor agregado enquanto os países ricos continuam a usufruir dos lucros associados à economia de escala.

Myrdal insistiu constantemente que não é possível uma ciência econômica positiva; a economia deve ser normativa, já que qualquer proposição econômica implica de forma implícita ou explícita, em juízo de valor.

Era cético a respeito da possibilidade de aplicar a análise econômica convencional aos países do terceiro mundo. Nestas sociedades não se pode isolar a análise econômica da análise social e política. Para Myrdal, o subdesenvolvimento só pode solucionar-se a partir da igualdade de oportunidades e do aprofundamento da democracia. Propôs a criação de um “Estado Providencial Mundial” que mediante um planejamento e redistribuição mundial, evitasse o aumento do hiato entre países ricos e pobres.

Em outras obras, Myrdal combinou pesquisa econômica com estudos sociológicos, como em The Political Element in the Development of Economic Theory (O Elemento Político no Desenvolvimento da Teoria Econômica) 1930 e Beyond the Welfare State: Economic Planning and Its International Implications (Além do Estado de Bem-Estar: Planejamento Econômico e suas Implicações Internacionais) 1960. No livro Asian Drama: An Inquiry into the Poverty of Nations (O Drama Asiático: uma Investigação sobre a Pobreza das Nações) 1968, Myrdal resume seus 10 anos de pesquisa sobre a pobreza na Ásia.

Vida Pessoal

Gunnar Myrdal conheceu sua esposa em 1919. Alva Reimer era uma de cinco filhos; seu pai era um empreiteiro que vivia 60 milhas a oeste de Estocolmo. Alva graduou-se pela Universidade de Estocolmo. Depois disso, ela ocupou importantes postos na UNESCO e nas Nações Unidas. Foi diplomata e política. Myrdal e ela se casaram em 1924. Em seguida Alva, tornou-se ministra do Desarmamento e da Igreja na Suécia e também ocupou o cargo de embaixadora sueca na Índia. Juntos, o casal teve duas filhas e um filho, KajFolster, SisselaBok e Jan Myrdal respectivamente. Ele ficou hospitalizado por quase dois meses até sua morte em Danderyd, em um hospital próximo de Estocolmo, no dia 17 de maio 1987.

Gunnar Myrdal – Obras

Formação de Preços sob Mudança (Price Formation under Changeability) – 1927

Aspectos Políticos da Teoria Econômica (Das Politische Element in der Nationalökonomischen Doktrinbildung) – 1932

O Custo de Vida na Suécia 1830-1930 (The Cost of Living in Sweden 1830-1930) – 1933

Equilíbrio Monetário (Monetary Equilibrium) – 1939

População: um Problema para a Democracia (Population: a Problem for Democracy) – 1940

Um Dilema Americano (An American Dilemma: The Negro Problem and Modern Democracy) – 1944

Advertência Contra o Otimismo da Paz (Warnung Gegen Friedenoptimismus) – 1945

Teoria Econômica e Regiões Subdesenvolvidas (Economy Theory and Under developed Regions) – 1957

Desenvolvimento e Subdesenvolvimento: nota sobre o mecanismo das desigualdades nacionais e internacionais (Development and Underdevelopment: a Note on the Mechanism of National and International Inequality) – 1956

Valor em Teoria Social (Value in Social Theory) – 1958

Além do Estado de Bem-Estar (Beyond the Welfare State: Economic Planning and its International Implications) – 1960

Desafio à Riqueza (Challengeto Affluence) – 1963

O Drama Asiático: Uma Investigação sobre a Pobreza das Nações (Asian Drama: na Inquiry into the Poverty of Nations) – 1968

Objetividade em Pesquisas Sociais (Objectivity in Social Research) – 1969

Desafio à Pobreza Mundial: Esboço de um Programa Mundial Contra a Pobreza (The Challengeof World Poverty: a World Anti-poverty Program in Outline) – 1970

Contra a Corrente — Ensaios Críticos em Economia (Against the Stream — Critical Essays in Economics) – 1973

A Questão da Igualdade no Desenvolvimento Mundial (The Equality Issue in World Development) – 1975

Crescente interdependência entre os Estados, mas o fracasso de Cooperação Internacional (Increasing Interdependence Between States but Failure of International Cooperation) – 1977

Nobel_Prize

http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/economic-sciences/laureates/1974/myrdal-bio.html

http://www.thefamouspeople.com/profiles/gunnar-myrdal-300.php

 

Tradução e edição: Vitor Luís Souza Nunes de Almeida

3 comentários sobre “Gunnar Myrdal

  1. A obra de Gunnar Myrdal nos faz entender porque países mais pobres ou em vias de desenvolvimento não podem ¨deixar¨ somente nas mãos do mercado, esta lógica pode funcionar em países mais ricos por algum tempo, mas em países com uma diferença social enorme e gritante como a do Brasil não se aplica.
    A Política de inclusão principalmente através do emprego se faz necessária, em contra partida não podemos cair no erro de aumentar e corroborar com a estagnação dos menos favorecidos
    Myrdal nos faz entender o macro e não somente entendimentos ¨soltos no ar¨, estudou a condição do negro Estadunidense ,não limitou-se ,ao contrário expandiu seus horizontes e seus conhecimentos são até hoje, de grande importância e podem sim ajudar-nos

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